Entrou em crise? Aproveite para mudar

"O que você vê pode não ser real", do escultor chinês Chen Wenling, atualmente exposta em uma galeria em Pequim
“As crises por que passamos não devem ser necessariamente encaradas como situações negativas, nem como castigos indevidos. Cada crise representa uma oportunidade real de transformação: é a própria energia da crise a força que promove mudanças reais na nossa vida

Luis Pellegrini, Oásis / Brasil 247

Para expressar “crise”, os chineses utilizam dois ideogramas, significando respectivamente “risco” e “oportunidade”.

O risco é inerente à crise. Mas é difícil entender que na crise, no risco, na situação perigosa e/ou limítrofe, também está embutida a oportunidade de renovação, de superação, de criação, de aprendizado. Perdas em geral implicam em crises.

Há alguns anos, Marina, amiga dos  tempos de colégio, me telefonou em desespero. Não conseguia retomar o rumo da sua vida desde a perda do filho, morto de AIDs aos 24 anos. Marquei com ela um encontro naquele mesmo dia, logo após o expediente. Iríamos ver O pequeno Buda, filme de Bernardo Bertolucci que acabara de entrar em cartaz, e depois sairíamos para jantar e conversar.

Sentados à mesa, num canto discreto do restaurante, observei  seu rosto, ainda belo,  embora devastado pela amargura, pela culpa e o ressentimento. Divorciada há muitos anos, criara praticamente sozinha o casal de filhos. Sentia-se agora rejeitada pela vida, cheia de raiva por aqueles que tinham desprezado seu filho devido à natureza de sua doença. Não conseguia entender “onde falhara”, nem por que fora “punida com aquele castigo” que considerava indevido.

Keanu Reeves (esquerda) interpreta Buda no filme "O pequeno Buda", de Bernardo Bertolucci
Enquanto a ouvia expor suas tristezas, pensava com rapidez num jeito eficiente de encaminhar a conversa num sentido que pudesse ajudá-la a emergir da depressão. Perguntei-lhe o que mais a tinha interessado no filme que acabáramos de ver. Respondeu ter sido a cena em que o jovem príncipe Sidarta, que depois converteu-se em Gautama Buda, sai do palácio onde estivera confinado desde o nascimento, e visita pela primeira vez a realidade do mundo para além das muralhas da sua casa real.”
Abobadário Completo, ::AQUI::

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