Quando chorar pega bem

Pesquisa revela que as lágrimas podem reforçar os vínculos sociais e comunicar sentimentos. Mas são proibidas em alguns ambientes

Carina Rabelo, ISTOÉ

“Quando a garganta trava e os olhos ficam umedecidos, muitos engolem o choro ou enxugam as lágrimas discreta e rapidamente, para evitar a exposição pública. Aprendemos desde cedo que chorar é sinal de fraqueza, imaturidade e despreparo para lidar com a realidade. Mas os efeitos sociais do choro nem sempre são negativos. A pesquisa "Trust in a teardrop" ('Confie numa gota de lágrima'), desenvolvida pela Universidade de Tel Aviv, revela que ele reforça vínculos interpessoais, funciona como um pedido de ajuda e pode amansar um inimigo. "É uma forma de obter a misericórdia do antagonista, conquistar a simpatia dos demais e criar intimidade", diz o psicólogo Oren Hasson, autor do estudo. O assistente judiciário Felipe Bullara, 28 anos, conhecido como 'aquele que chora por tudo', construiu relações sólidas a partir da sensibilidade declarada. É visto como o amigo que se envolve com os problemas dos outros, o filho e irmão atuante na dinâmica familiar e o namorado sensível. "As pessoas se abrem comigo", diz. "Sabem que sou verdadeiro."

A confiança social é construída a partir de uma premissa básica.

Quem chora é capaz de elaborar conflitos internos, portanto, é visto como alguém que sabe se colocar no lugar dos demais. "Quando nos projetamos nos conflitos dos outros, nos tornamos mais sensíveis aos dramas humanos e mais confiáveis", afirma a psicóloga Dorli Kamkhagi, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Mas onde chorar pega mal? Lágrimas no ambiente de trabalho são unanimidade negativa. "Nessa situação, pode parecer manipulador. Sugere que a pessoa está fazendo drama", afirma a consultora de RH Bábara Demange, da D.A Consulting. Diante de pessoas de outras culturas também pode ser mal interpretado.”
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