Caloura esconde o rosto durante trote de conotação racista do curso de Direito da UFMG Reprodução internet |
Juliana Dal Piva, O Globo
“Uma menina com tinta preta pintada no
corpo carrega uma placa com o texto “Caloura Chica da Silva”. Mesmo tentando
esconder o rosto com o cabelo, ela aparece acorrentada e é puxada por outro
colega que sorri. Essa é a cena de uma das duas imagens postadas no facebook
nesta segunda-feira (18) do trote do curso de Direito da Universidade Federal
de Minas Gerais e que estão provocando revolta nas redes sociais.
Na outra imagem postada, três estudantes
aparecem fazendo a saudação nazista ao lado de um rapaz amarrado a pilastra. Um
dos rapazes chega a ter pintado no rosto um bigode parecido com o de Hitler. As
fotos já têm mais de dois mil compartilhamentos nas redes sociais.
O autor das imagens ainda é desconhecido,
mas estudantes de Direito confirmaram que as cenas vistas ocorreram durante o
trote realizado na última sexta-feira e os estudantes que aparecem nas imagens
seriam alunos do segundo semestre, responsável pela organização do trote. Os
alunos que aparecem nas fotos, no entanto, ainda não foram identificados.
De acordo com os alunos de Direito, os
responsáveis pelo Centro Acadêmico do curso convocaram uma reunião para hoje à
noite para falar sobre o que ocorreu no trote e evitar que o episódio se
repita.
— Nossa posição é de total repúdio ao
machismo, racismo e homofobia
— disse Leonardo Custódio , vice-presidente
do Centro Acadêmico de Direito, ao dizer que a entidade não participou da
organização do trote.
A Assembleia Nacional dos Estudantes Livres
(Anel) junto com o Movimento Mulheres em Luta (MML) está chamando para amanhã
outra reunião para discutir propostas de combate ao trote violento.
— Essa é uma prática recorrente, desta vez
escancarou. Mas a prática do trote machista, homofóbico é recorrente — disse
Juliana Rocha, estudante Veterinária e integrante da Executiva Nacional da
Anel.
Procurada pelo GLOBO, a reitoria da UFMG
informou que “repudia quaisquer atos de violência, opressão, constrangimento ou
equivalentes, praticados contra membros da comunidade universitária, em
particular aqueles relacionados aos chamados 'trotes' aplicados aos novos
estudantes”.
A vice-reitora Rocksane de Carvalho Norton
disse que as investigações sobre o caso estão sendo conduzidas pela faculdade
de Direito e devem durar cerca de 30 dias. A comissão formada para apurar o que
ocorreu também é responsável por determinar uma possível punição, que pode ir
de uma simples advertência até a expulsão.
— Não chegou nenhuma reclamação dos
calouros, mas de qualquer forma cabe à universidade investigar e punir —
afirmou a vice-reitora. Ela explicou que antes do início das aulas foram
enviados emails e recados nas redes sociais relembrando aos estudantes a
proibição ao trote.”
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