Os piores eufemismos para dizer: 'Você está demitido'

Alguns chefes usam jargões como 'downsizing' e até 'rightsizing' para demitir
"Há inúmeras formas criativas de se dizer o óbvio: "sacrificar-se pela equipe", "receber o bilhete azul", "tirar um tempo para se reorganizar", "ir em busca de novos desafios".



Na verdade, todas essas expressões querem dizer a mesma coisa - justamente aquela que ninguém quer dizer: "Fui demitido".

Conversamos com algumas pessoas pelo site de perguntas e respostas Quora sobre os eufemismos mais criativos que elas já ouviram para "demissão". Eis algumas das respostas.

Grosserias

Nunca é fácil ouvir que você está sendo demitido. Dar essa notícia também não é fácil para os chefes. Mas alguns têm mais tato que outros.

"Um dos amigos do meu pai disse para um funcionário: 'Não sei como esse escritório funcionaria sem você! Mas a partir de segunda-feira, eu vou descobrir'", conta Tracey Bryan.

Outro chefe insensível, segundo relata Richard Brasser, costuma repetir a mesma frase "genial" que bolou: "Eu tive que dar um tiro em outro refém hoje. O resto da equipe estava começando a ficar relaxada".

John Bagnall conta que, quando perdeu seu emprego na EMI Records, ele ouviu de seu então chefe: "Nós decidimos que seu perfil e seus talentos são ideais para o setor de freelancers".

'Sizing'

Para suavizar o golpe, alguns administradores evitam o termo "downsizing" - que significa reduzir de tamanho (ou demitir, em outras palavras).

O termo em inglês, difundido em vários países, inclusive o Brasil, ganhou adaptações. "Downsizing" às vezes vira "rightsizing" (o tamanho certo).
Lorna Hughes conta que foi demitida porque a empresa queria promover um "smartsizing" (ter o tamanho mais inteligente). Para ela, nada pode ser mais cruel que isso.

"Não só eles estão demitindo você, como também estão lhe dizendo que são inteligentes por fazer isso."

A empresa Nortel Networks promoveu uma demissão em massa em 2001. Troy Turner conta que a companhia não fez "downsizing", "rightsizing" e nem "smartsizing" com nenhum de seus empregados. Pior: ela "otimizou" 65 mil pessoas.

Decifrando o código

Quando não sabem como dar a notícia - ou falar qualquer coisa - é comum que os chefes entrem no jargão indecifrável do mundo dos negócios.

"O meu predileto é 'realinhar os recursos para a estratégia corporativa'", conta Andy Micone, que foi demitido assim. "Eles disseram a todos que eles não estavam sendo demitidos, mas sim que eles não estavam mais 'alinhados'. Se isso não te faz sentir como uma peça num maquinário corporativo..."

Já George Andre conta que já ouviu todo tipo de eufemismo - como "reciclar nosso pool de criatividade", "maximizar nossa produção ao alinhar nossa força produtiva" ou "repensar o futuro".

Mesmo quando empregadores tentam ser diplomáticos, há casos em que são os próprios empregados que criam os eufemismos.

Em uma grande corporação, Micone conta que um chefe ficou conhecido por caminhar pelo escritório e, aparentemente de forma aleatória, interromper algum funcionário com a pergunta: "O que você vai fazer hoje à tarde? Eu queria conversar com você a respeito de algo. Vamos dar uma volta no lago dos pássaros."

"As pessoas começaram a perceber que quem dava uma volta com o chefe nunca voltava. Em pouco tempo a frase para 'demissão' virou 'dar uma volta no lago dos pássaros'", conta Micone."

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