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Em setembro de 2014, a ilustradora britânica Ella Frances Sanders lançou Lost in Translation
(ainda sem lançamento previsto no Brasil), uma coletânea de 50 palavras
de vários idiomas que têm sentidos específicos em muitas culturas, mas
que não encontram tradução literal em outras línguas.
Fiona Macdonald, BBC
Do português, ela tirou
saudade e
cafuné.
O livro está há várias semanas entre os mais vendidos da categoria Viagens do jornal
The New York Times. Conheça alguns dos verbetes mais intrigantes.
(Todas as imagens foram cedidas à BBC e são reproduzidas do livro
Lost in Translation, publicado na Grã-Bretanha pela editora Ten Speed Press, uma marca do grupo Random House LLC)
Mangata
Na
introdução do livro, Ella Frances Sanders diz: "Pode ser que sua língua
materna apresente algumas lacunas essenciais, mas não tenha medo: você
pode recorrer a outros idiomas para definir o que está sentindo". Uma
dessas palavras é
mangata, que em sueco quer dizer "o reflexo da lua na água, que parece uma estrada".
Akihi
"A velocidade e a frequência dos nossos diálogos deixam um espaço que
adora ser preenchido por desentendimentos... e hoje, mais do que nunca,
o que queremos dizer se perde na tradução", afirma Sanders. Ela
acredita que as palavras "intraduzíveis"
podem oferecer rápidos momentos de identificação, independentemente do idioma.
Akihi
é um termo do Havaí que expressa uma situação familiar para muitas
pessoas: o esquecimento que temos assim que alguém nos dá uma indicação
de como chegar a um lugar.
Hiraeth
A palavra
hiraeth, da língua galesa (País de Gales), tem semelhanças com a nossa
saudade, descrevendo uma certa melancolia pela ausência de algo ou alguém.
Segundo
Sanders, aprender sobre palavras é algo que "nos faz pensar como todos
nós somos inerentemente humanos – todos somos feitos do mesmo material e
não precisamos ter fluência em outros idiomas para podermos nos
comunicar bem".
Iktsuarpok
Um substantivo na língua dos esquimós do Ártico,
iktsuarpok é
um sentimento "entre a paciência e a ansiedade". O termo resume "aquele
sentimento que faz uma pessoa sair e entrar, sair e entrar, para ver se
alguém está chegando".
Sanders diz à BBC que as palavras em seu
livro "muitas vezes dão nome a sentimentos e atitudes que já
conhecemos". "Por isso, acho que um brasileiro não é tão diferente de um
sueco, que não é muito diferente de nós, britânicos."
Kummerspeck
A expressão alemã
kummerspeck
– literalmente traduzida como "bacon da tristeza" – refere-se ao
excesso de peso ganho após uma comilança provocada por questões
emocionais. "Infelizmente, estamos programados para encontrar conforto
na comida", diz Sanders. "E isso funciona, até que você um dia se dá
conta da sua silhueta".
Wabi-sabi
Em japonês, o termo
wabi-sabi significa "encontrar beleza nas
imperfeições, uma aceitação do ciclo da vida e da morte". Segundo
Sanders, a palavra deriva do budismo, que ensina que "entender nossa
transitoriedade e a assimetria de nossas vidas pode nos levar a uma
existência mais plena, porém modesta".
Pisan Zapra
Muitas palavras expressam uma forma de medida específica de um certo lugar. O termo finlandês
poronkusema descreve "a distância que uma rena pode caminhar confortavelmente antes de fazer uma pausa".
Já
pisan zapra é uma palavra da Malásia que se refere "ao tempo necessário para comer uma banana".
Kalpa
Kalpa é um termo em sânscrito que significa "a passagem do tempo em uma escala grandiosa, cosmológica".
Sanders
afirma: "Quando você tem uma palavra para alguma coisa, aquilo se torna
mais tangível, muito mais acessível. Seus pensamentos começam a incluir
essas diferentes formas de ver e de ser".
Tsundoku
A expressão japonesa
tsundoku significa "deixar um livro sem
ler depois de comprá-lo, normalmente empilhado com outros livros ainda
não lidos". O termo é um alívio para pessoas que acumulam obras de
literatura.
Boketto
"É bom saber que os japoneses valorizam tanto o ato de não pensar em nada que eles até têm um nome para isso", diz Sanders.
Boketto,
que significa "perder o olhar no horizonte sem pensar realmente em nada
específico", é a palavra favorita da autora. "Sou conhecida por fazer
isso até demais", confessa."
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