“Estranho Caso de Angélica, que fala de morte, abriu a mostra Um Certo Olhar
Mariane Morisawa, enviada especial a Cannes / IG
Cineasta mais velho do mundo, Manoel de Oliveira quase não demonstra seus 101 anos de idade. Antes da sessão de O Estranho Caso de Angélica, que abriu a mostra Um Certo Olhar no 63o Festival de Cannes, no início da noite desta quinta-feira (13), ele subiu ao palco saltitando, sem ajuda de ninguém. Depois, quando foi fazer seu discurso, seu neto, o ator Ricardo Trêpa, tentou ajudá-lo segurando a bengala, mas o avô não quis. O diretor português agradeceu ao festival e a seu presidente, Gilles Jacob. E fez questão de avisar: “Meu filme está fora de competição”.
Ele teve a ideia para O Estranho Caso de Angélica logo depois da Segunda Guerra Mundial. O protagonista, Isaac (Ricardo Trêpa), é um judeu que foge de Hitler. Na versão que foi à tela, no entanto, não há menções explícitas ao tempo – carros e figurinos são de hoje, por exemplo. Recém-chegado a uma cidade na região do Douro, o rapaz é convocado numa noite chuvosa a uma quinta para fotografar pela última vez a bela Angélica (Pilar Lopez de Ayala), que acaba de morrer.
A partir de então, fica obcecado com ela – o que rende momentos diretamente inspirados nos filmes fantásticos de Georges Meliès. Como sempre, Manoel de Oliveira busca na literatura e no teatro as fortes raízes de seu cinema. A câmera quase não se move, os atores se colocam como no palco, e o próprio texto e as interpretações escapam do naturalismo normalmente associado ao cinema, o que provoca um certo desconcerto. Tudo é embalado numa fina ironia. Mas O Estranho Caso de Angélica, a exemplo de outros longas-metragens do cineasta, não é para muitos.”
Foto: Reprodução
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