“O pombo-correio do Dia-D lembra-nos da
importância desses animais. Pombos foram vitais para a comunicação através da
história – para a guerra, as finanças e as notícias – e poderão voltar a ser
Redação, Oásis / Brasil 247
Há pouco, o esqueleto de um pombo-correio
foi encontrado no fundo de uma chaminé em Surrey, Inglaterra. O pássaro
carregava ainda uma mensagem em código escrita durante a segunda guerra mundial
Decifradores de mensagens codificadas ainda trabalham no conteúdo da mensagem,
tentando decifrá-la. Uma hipótese é de que ela contenha um relatório referente
do desembarque das tropas aliadas na Normandia, a 4 de junho de 1944, o famoso
Dia-D.
Nesta foto de 1944, piloto britânico solta pombo-correio com mensagem durante um bombardeio da Segunda Guerra Mundial
Centenas de pombos-correio foram usados
durante a segunda guerra para levar mensagens diretamente dos campos de batalha
europeus para casas e quartéis localizados em território britânico. Um pombo
chamado Paddy foi
o primeiro a chegar à Inglaterra trazendo a notícia de que a invasão da
Normandia tinha alcançado bom êxito. Paddy foi um dos 32 pombos que receberam a
Medalha Diockin – equivalente à Victoria Cross – por bravura. Com efeito, mais
medalhas foram dadas a pombos do que a qualquer outro animal que tenha
participado de combates. Um sem- número de pombos conseguiram atravessar o mar
e entregar suas mensagens, salvando a vida de milhares de durante os tempos da
guerra. É triste que hoje sua contribuição em ambas as guerras mundiais tenha
sido largamente esquecida e que os pombos agora sejam vistos como uma praga a
ser extirpada.
Durante a guerra, pombos mensageiros
enfrentaram muitos perigos e privações: foram levados para longe de suas casas,
mortos por atiradores inimigos, tiveram de voar enormes distâncias às vezes
durante tempestades e nevascas de inverno, foram fonte de alimento para muitos
soldados famintos que não conseguiram resistir à falta de comida. Na
Inglaterra, pelo menos, sabe-se que as autoridades mataram todos os falcões que
encontraram, para que os pombos pudessem voar sem ter de enfrentar o perigo
letal de predadores. Tudo indica que o pombo de Surrey conseguiu superar todas
as dificuldades, porém morreu de exaustão quando estava para chegar a seu
destino. Muitos criadores e treinadores ingleses de pombos-correio que
entregaram seus amados animais para servir a pátria nunca mais os viram.
Estes são os restos do pombo-correio
encontrados numa chaminé da região de Surrey, Inglaterra. Dentro do tubo
vermelho fixado à sua perna estava a mensagem cifrada
Parte da mensagem redigida em código que o
pombo-correio do Dia-D transportava. Técnicos ingleses tentam agora decifrá-la
Ideias excêntricas relativas ao uso de
pombos durante a guerra incluem o Project Pigeon (Projeto Pombo), que era uma
tentativa de criar mísseis guiados por pombos. Algumas dessas aves eram
colocadas dentro de mísseis, e lá bicavam uma tela que lhes mostrava imagens de
alvos que podiam reconhecer graças a um treinamento prévio. Dessa forma, conseguiam
dirigir o míssil diretamente para o alvo. Pombos também foram usados como
espiões. Câmeras fotográficas automáticas eram presas a eles, e os pombos
voavam com elas sobre áreas de interesse militar, captando imagens.
Na China pombos são usados até hoje pelo
exército, que possui cerca de 10 mil pombos prontos para entrar em ação caso os
meios de comunicação modernos colapsem. A utilidade dos pombos na comunicação
não pode de nenhum modo ser subestimada. Uma treinadora inglesa os usa para
transportar pen drives. Após uma dessas remessas, os cálculos foram feitos: o
pombo levou 39 minutos para transportar o pen drive; seu conteúdo, enviado
através da Internet, levou 3 horas para ser baixado!
Pombo-correio em seu ninho
Mas pombos não são úteis apenas em tempos
de guerra. Sua habilidade para transportar mensagens, informação financeira e
correio foram aproveitadas desde tempos muito remotos. Não esquecer que, na
Bíblia, foi um pombo branco quem trouxe a Noé a informação de que o dilúvio
tinha terminado! Os gregos os usaram para transportar informação sobre os jogos
olímpicos: cada atleta que participava dos jogos na Antiguidade levava um ou
mais pombos da sua própria cidade ou aldeia. O pássaro era solto para que
voltasse a casa levando a mensagem com os resultados obtidos pelo atleta do
lugar.
No início do século 19, a família de banqueiros
Rothschild criou uma rede de pombais em toda a Europa. A velocidade desses
animais para transportar informações permitiram à família tomar decisões
financeiras antes de todos os seus concorrentes.
Veja
no vídeo abaixo, produzido pela BBC de Londres, uma curta reportagem sobre a
descoberta do “pombo do Dia-D”:
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