Comer é natural

Herton Escobar / O Estado de São Paulo

“Ontem eu estava num restaurante japonês com minha mulher e ela disse (brincando) que eu não deveria comer polvo.

Motivo: Eu adoro polvos! Sou fascinado por eles. Acho que são animais fantásticos, capazes de se espremer por frestas minúsculas e mudar a cor (e a textura) de sua pele instantaneamente para se camuflar no fundo do mar. E são extremamente inteligentes também.

Isso significa que eu não deveria comê-los? É algo para se pensar.... A mesma pergunta, é claro, pode ser feita para vacas, galinhas, porcos, peixes, camarões e todos os outros animais que fazem parte da nossa alimentação diária.

Hoje em dia é muito fácil esquecer (ou nunca se dar conta) de que aquele hambúrguer de picanha, aquele peito de frango ou aquele sashimi de atum que você põe na boca e manda para dentro do estômago veio de um animal que um dia nasceu, cresceu, se alimentou, caminhou e nadou sobre a Terra. Estamos comendo partes de animais mortos!

Tenho também uma sobrinha de 10 anos que é vegetariana. Perguntei a ela a razão e ela me disse que era porque achava “nojento”.

Pensando bem, é meio nojento mesmo. Devorar um espetinho de coração de galinha não é exatamente a coisa mais graciosa do mundo. Nem roer a carne de um osso de costela gordurosa. Mas pense bem: isso é o que todos os animais fazem na natureza – comer outros seres vivos.”
Foto: Joost Daniels
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