O gato, grão-mestre da sabedoria


Você tem um gato? Se fosse no Antigo Egito, diriam que você é uma pessoa afortunada: haveria um deus morando em sua casa. Mais propriamente, uma deusa, Bastet, a deusa-gata. Observar o comportamento do gato é ter uma lição de sabedoria

Brasil 247 / Revista Oásis

A associação do gato com os humanos já tem pelo menos 10 mil anos, idade das primeiras representações encontradas na ilha de Chipre que mostram esse pequeno felino em estreito convívio conosco. Provavelmente, sua domesticação ocorreu muito antes. A subfamília Felinae, que agrupa os gatos domésticos, surgiu há cerca de 12 milhões de anos, expandindo-se a partir da África subsaariana até alcançar as terras do atual Egito. Existem hoje cerca de 250 raças de gato-doméstico, e todas elas são uma adaptação evolutiva dos gatos selvagens.

Como quase tudo na vida humana, no início a importância da presença dos gatos entre nós deu-se sobretudo por razões práticas. Quando as populações humanas deixaram de ser nômades, a vida das pessoas passou a depender substancialmente da agricultura. A produção e armazenamento de cereais, porém, acabou por atrair roedores. Foi nesse momento que os gatos vieram a fazer parte do nosso cotidiano. Por possuírem um forte instinto caçador, esses animais espontaneamente passaram a viver nas cidades e exerciam uma importante função na sociedade: eliminar os ratos e camundongos que invadiam os silos de cereais e outros lugares onde eram armazenados os alimentos.

Registros encontrados no Egito, como gravuras, pinturas, múmias e estátuas de gatos indicam que a relação desse animal com os egípcios data de pelo menos 5 mil anos. Elementos encontradas em escavações mostram que, nessa época, os gatos eram venerados e considerados animais sagrados. Bastet, deusa da fertilidade e da felicidade, considerada benfeitora e protetora do homem, era representada na forma de uma mulher com a cabeça de um gato. Na verdade, o amor dos egípcios por esse animal era tão intenso que havia leis proibindo que os gatos fossem "exportados". Qualquer viajante que fosse encontrado traficando um gato era punido com a pena de morte.

Quem matasse um gato era punido da mesma forma e, em caso de morte natural do animal, seus donos deveriam usar trajes de luto.
Não tardou para que alguns animais fossem clandestinamente transportados para outros territórios, fazendo com que a popularidade dos gatos aumentasse. Ao chegarem à Pérsia antiga, também passaram a ser venerados e havia a crença de que, quando maltratados, corria-se o risco de estar ofendendo um espírito amigo, criado especialmente para fazer companhia ao homem durante sua passagem na Terra. Desse modo, ao prejudicar um gato, o homem estaria atingindo a si próprio.”
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