Cachorros estão mais propensos a bocejar de
volta para aqueles com quem têm empatia / Thinkstock/Getty Images
|
“Estudo feito com 25 cães demonstrou que
eles conseguem identificar um bocejo falso do verdadeiro
Do iG
“Um novo estudo mostra que, se a pessoa bocejar na presença do seu
cão, ele provavelmente bocejará também.
A pesquisa – que consistiu em uma série de experimentos
cuidadosamente controlados com 25 cães de diferentes raças – confirma que os cachorros
estão mais propensos a "serem contagiados" com bocejos de seus donos
do que com o de estranhos – e que também têm mais tendência a responder aos
bocejos reais ao invés dos falsos. O bocejo falso é aquele em que a boca se
abre e fecha, com o mesmo movimento de um bocejo, mas sem emitir sons.
Os pesquisadores também prenderam monitores de frequência cardíaca
para certificar que os cães não estavam bocejando por estarem estressados ou
ansiosos. A pesquisa comprovou que os motivos não foram esses.
"Nós tentamos criar uma atmosfera confortável para fazer esta
experiência. Às vezes, era tão confortável que os cachorros adormeciam",
contou Teresa Romero, autora do estudo e pesquisadora do departamento de
Ciência Cognitiva e Comportamental da Universidade de Tóquio, no Japão. O
estudo foi publicado em agosto no periódico PLoS One .
Embora a imitação de um bocejo possa não soar como um truque
impressionante, os cientistas acreditam que ele seja sinal de algo importante,
como a capacidade de empatia e vínculo que os cães têm com algumas pessoas.
Estudos anteriores mostraram que pessoas que, no experimento,
tiveram maior pontuação no grau de empatia estão mais propensas a retornar o
bocejo do que as pessoas que não são tão empáticas, e a capacidade de ter um
bocejo contagiante parece se desenvolver com a idade.
"Vários estudos têm demonstrado que as crianças não começam a
se contagiar por bocejos até cerca dos quatro anos de idade, e só atingem os
mesmos níveis dos adultos em torno de 12 anos", explicou Elainie Madsen,
psicóloga comparativa na Universidade de Lund, na Suécia, que estudou sobre o
bocejo contagioso.
O bocejo contagioso parece ser um talento raro no reino animal. Alguns
macacos, como os chimpanzés e bonobos (chimpanzé pigmeu) – que na teoria
evolutiva tem grau de parentesco próximo dos seres humanos – bocejam e são
contagiados pelos outros. Além dos macacos, uma espécie de ave parece ser capaz
de bocejar de uma forma contagiante, e vários estudos recentes têm sugerido que
o Canis familiaris , também conhecido como o melhor amigo do homem, pode
ser capaz de ter também a mesma atitude.
Uma coisa que os pesquisadores não descobriram é o motivo de os
cachorros bocejarem junto com os seres humanos.
"Existem várias hipóteses, mas a hipótese da empatia é a que
tem recebido maior atenção nos últimos anos", disse Madsen. "Eu acho
que as provas que apoiam essa hipótese estão se acumulando."
Ela disse que, a princípio, o bocejo contagioso tem provavelmente
algo a ver com a coordenação e sincronização do comportamento do grupo.
Assim como o que aconteceu neste novo estudo, o estudo de Madsen
sobre o bocejo contagioso em filhotes muitas vezes acalma os cães para dormir. A
pesquisadora não acha que isso é um acidente. "Os cães internalizaram a
emoção de que o bocejo reflete e basicamente coordena o seu comportamento com
aquele que bocejou", explicou.
Os cães vivem em bandos e Madsen espera que todos os animais que
vivem em grupos possam demonstrar a capacidade de serem contagiados pelos
bocejos. De toda forma, os pesquisadores dizem que ainda é cedo para dizer se
os gatos se importam se seus donos estão cansados.
"Eu acho que seria muito difícil estudar o efeito do bocejo
contagioso entre humanos e gatos", disse Romero. "Eles não prestam muito atenção para
nós".
Nenhum comentário:
Postar um comentário