"O nariz humano pode detectar um trilhão de diferentes cheiros, muito
mais do que se pensava anteriormente, segundo cientistas americanos.
Helen Briggs, BBC Brasil
Segundo pesquisadores da Universidade Rockefeller, em Nova York, usamos apenas uma pequena fração dos nossos poderes olfativos.
Novos estudos, publicados na revista Science, sugerem que o nariz humano supera o olho e o ouvido em relação ao número de estímulos que pode distinguir.
O olho humano usa três receptores de luz que
trabalham juntos para ver até 10 milhões de cores, enquanto que o ouvido
pode ouvir quase meio milhão de tons.
Até então, acreditava-se que o nariz, com seus 400 receptores olfativos, poderia detectar cerca de 10 mil aromas distintos.
Os cientistas resolveram testar a ideia, que data de 1927 mas nunca foi cientificamente investigada.
Eles criaram experimentos para observar o quanto
as pessoas conseguem distinguir cheiros em misturas feitas a partir de
128 moléculas de odores diferentes, que representam uma grande variedade
de aromas.
As moléculas foram misturadas de forma aleatória em grupos de 10, 20 ou 30, para criar odores não usuais ou menos conhecidos.
As 26 pessoas que participaram do experimento foram, então, convocadas a identificar um aroma a partir de três amostras.
Com base nestes resultados, os pesquisadores
extrapolaram o número de aromas diferentes que a pessoa média seria
capaz de identificar se fosse apresentada a todas as misturas possíveis
que podem ser feitas a partir das 128 moléculas.
Eles estimaram que a pessoa média pode
discriminar entre pelo menos um trilhão de aromas diferentes com o
nariz, uma quantidade muito maior que o número de estímulos que podem
ser detectados pelo olho e pelo ouvido.
A co-autora do estudo, Leslie Vosshall, disse à
BBC que este "é o primeiro teste real que mostra o quão bom os seres
humanos são em sentir cheiros".
Ela disse que os animais ainda são duas ou três
vezes melhores do que nós em relação a sentir cheiros, já que dedicam
uma maior parte do seu cérebro ao sentido do olfato.
No entanto, o poder do olfato humano não deve ser subestimado.
"Você pode estimular o sentido do olfato a
trabalhar mais", acrescentou.
"Estamos usando uma pequena parte dos
nossos poderes olfativos".
Stephen Liberles, do Departamento de Biologia
Celular da Escola de Medicina de Harvard, disse que "a pesquisa percorre
um longo caminho para abordar a capacidade do sistema olfativo humano,
mas ainda há questões específicas a serem respondidas sobre quantos
produtos químicos exatamente podem ser percebidos individualmente."
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