Uma loucura muito bem estudada |
Nirlando Beirão, Carta Capital / QI
Se não enlouquecer antes, Fábio Porchat vai ser
o melhor apresentador de tevê desde o Chacrinha. Se enlouquecer, talvez
fique ainda melhor. Ou quem sabe louco ele já não é, embora use da
artimanha de atribuir à sua consorte de palco, Tatá Werneck, a chama da
insanidade. A moça às vezes faz por merecer, mas o moço é quem tem tudo
para triunfar, em vertigens de camisa de força, num veículo que
Stanislaw Ponte-Preta premonitoriamente apelidou de “máquina de fazer
louco”.
Fábio Porchat não é, porém, de rasgar
dinheiro. Tem um extraordinário domínio do palco, do auditório, do ponto
e do TP, ou seja, do teleprompter, e quem conhece tevê sabe o desafio
que é se revezar entre uma coisa e outra sem se atrapalhar. Aliás,
Porchat faz da atrapalhação uma virtude, do erro uma graça, do improviso
um final sempre feliz. Ele é uma mistura do Faustão dos tempos de
irreverência (e não este Faustão de hoje, da cólera pseudopolitizada e
da banalidade dançante) com os americanos da melhor linhagem dos
parlapatões do rádio e da tevê, tipo Howard Stern e Stephen Colbert.
Com cara de mocinho de família, o cabelo
arrepiado para simular certo desmazelo, o atropelo muito estudado, em
coreografia que deve lhe custar muito mais quilinhos do que aos
jogadores da Seleção Brasileira de Futebol, Fábio Porchat fez de Tudo pela Audiência
(no canal Multishow) um deboche ensandecidamente literal. O último
episódio foi ao ar na segunda-feira 11. A emissora avisa que ano que vem
vai ter sequela.
Peraí – vocês podem perguntar. E o
programa? Não precisa. O programa é um lixo. Muito proposital. Nada de
diferente se poderia esperar quando o humor da tevê resolve se olhar no
espelho."
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