A conta na rede social teve início quando Damien Rudd, de 31 anos, chegou por acaso a uma montanha na Austrália chamada "Mount Hopeless" ("monte da desesperança").
Intrigado, fez uma pesquisa para saber a origem do nome. Descobriu que o local foi batizado assim em 1840 pelo explorador Edward Eyre, durante uma expedição pelo interior da Austrália. Quando chegou ao monte, Eyre topou com um lago intransponível e teve de desistir de seguir em frente. Daí o nome, que representa o fracasso da empreitada.
A partir daí, Rudd começou uma coleção de locais com nomes tristes. "Há algo inerentemente melancólico no ato de colecionar - seja selos, discos e sem dúvida nomes de lugares tristes", disse ele à BBC Brasil, citando o filósofo francês Jean Baudrillard para dizer que "nunca se inicia uma coleção para completá-la, porque a aquisição do último item denotaria a morte do sujeito".
Rudd começou a busca digitando palavras associadas a tristeza no Google Maps para ver o que aparecia. Depois, passou a receber sugestões de pessoas do mundo inteiro.
"Acho interessante como mapas e paisagens também podem ser lidos como uma história. Topônimos (nomes de lugares) costumam funcionar como títulos de livros ou marcadores de eventos históricos."
Sete lugares com nomes tristes
- 'Lago desagradável' (Oregon, EUA)
- 'Fracasso' (Reino Unido)
- 'Riacho da Mulher Morta' (Oklahoma, EUA)
- cruzamento das ruas 'Desespero' e 'Solidão' (Califórnia, EUA)
- 'Ilha Solitária', no Canadá
- 'Monte Onde o Diabo Urina", no sul da Austrália
- 'Fim do Mundo', Califórnia, EUA
Ele não arrisca eleger o local mais triste. "Esses lugares, como a própria tristeza, aparecem de todas as formas e cores. Pessoalmente, sou atraído por aqueles que têm uma narrativa implícita, ou têm uma característica poética em seu nome, como 'Rua da Tristeza', 'Rua do Solitário'", conta.
E por que tantos nomes com lugares tristes? O artista acredita que isso esteja relacionado à impressão que eles causaram quando foram descobertos - muitas vezes, em expedições pioneiras.
"Os primeiros exploradores passaram por esforços imensuráveis, e também cabia a eles dar nome a esse lugares. A vida de um explorador era muito difícil, cheia de sofrimento e tristeza, e frequentemente a única testemunha disso era o próprio local."
A página só publica nomes em inglês, mas o artista diz ter certeza de que países com passado colonial como o Brasil também têm muitos nomes desse tipo. "Espero que alguém se inspire e comece a colecionar nomes aí", disse ele em entrevista à BBC Brasil.
Ouvindo a sugestão, a BBC Brasil deu início à coleção: entre outros, encontrou o município de Solidão, em Pernambuco, o bairro da Tristeza, em Porto Alegre, e a Rua da Morte, em Ananindeua, no Pará.
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