Eu quero ficar sozinho

É cada vez maior o número de pessoas que vivem sós. Mas isso não significa necessariamente sofrimento. Conheça os segredos dos solitários que são felizes

Claudia Jordão e João Loes, ISTOÉ

No lugar das tradicionais e efusivas discussões familiares, o jantar é marcado pelo tilintar de apenas um par de talheres. Em vez de crianças eufóricas correndo pela casa, os corredores estão vazios e silenciosos. Antes de dormir, não há companhia para ver tevê. A tendência é mundial. Cada vez mais homens e mulheres moram sozinhos. Na Inglaterra, o índice de domicílios habitados por uma única pessoa é de 30%. Nos Estados Unidos, alcança os 25% - em Nova York, a meca dos solteiros, mais da metade da população (50,6%) vive só. No Brasil, o número de indivíduos que moram sem companhia também aumenta a cada ano. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2008, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 11,6% dos brasileiros não dividem o teto com ninguém. Há dez anos, esse índice era de 8,4%.

Até recentemente, o "morar só" era inevitavelmente relacionado a "ser só". E essas pessoas, geralmente com problemas de relacionamento ou idosos, carregavam o estigma de isoladas e abandonadas. Hoje, essa condição virou um estilo de vida, graças a um boom de jovens que têm deixado a casa dos pais em busca das tão almejadas liberdade e autonomia. Segundo uma corrente de cientistas sociais com voz cada vez mais ativa, quem mora sozinho é menos solitário do que se supunha e desfruta da vida em comunidade. "Muitos são jovens independentes, que consideram isso uma conquista", diz o sociólogo e cientista político Antonio Flávio Testa, professor da Universidade de Brasília (UnB). "Eles batalharam para ter seu canto e não se sentem sozinhos porque têm o apoio de familiares e amigos."

A tendência começou a ser moldada há duas décadas na Europa. Naquela época, os países desenvolvidos registravam um aumento significativo na expectativa de vida de seus cidadãos. Com isso, os idosos passaram a ter uma vida autônoma. Na maioria das vezes, eram senhores (as) viúvos (as). O perfil desse morador está se transformando, especialmente nos grandes centros urbanos, onde é comum ver jovens independentes partindo para uma vida solo. Não é, necessariamente, uma condição definitiva.”
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