Luis Pellegrini, Brasil 247
Há anos, na Índia, fazendo uma reportagem
sobre sistemas tradicionais de cura, visitei, na província do Kerala, uma
escola de medicina ayurvédica - um dos sistemas terapêuticos mais antigos do
mundo.
A escola possuía uma seção de farmacologia,
onde se preparavam os remédios ayurvédicos, quase todos à base de folhas,
flores, raízes, óleos essenciais e substâncias minerais. Soube lá que um grupo
de estudantes, dirigido por um professor, preparava-se para coletar ervas e
plantas nas colinas vizinhas. Pedi autorização para acompanhar o grupo, e a
resposta foi positiva. Fui avisado que sairíamos às duas horas da madrugada.
“Vamos aproveitar um aspecto favorável da Lua com Mercúrio entre as 5 e 6 horas
da madrugada. Temos de estar prontos no lugar para cortar as plantas exatamente
nesse horário, quando o princípio ativo delas estará estimulado ao máximo”,
disse o professor.
O que? Então havia horários astrológicos
favoráveis - e outros desfavoráveis - para se colher vegetais que depois vão
virar remédios? perguntei, surpreso. O professor sorriu: “Claro. Há horários
astrológicos para tudo na vida e no mundo. Para se colher plantas, para se
confeccionar medicamentos e, inclusive, para se ministrar remédios aos doentes.
Até nas cirurgias é preciso considerar o momento astrológico. Os riscos de
hemorragia são muito menores se a operação for feita no momento oportuno. Uma
noite de lua cheia, como a de hoje, é ótima para partos naturais, porém péssima
para cirurgias”.
Naquela madrugada, no alto de uma colina,
sentei no chão junto aos estudantes que aguardavam a “hora favorável” para
colher as plantas. Falavam pouco, na sua língua velha de milênios, e em voz
baixa, revelando o respeito natural que sempre devotaram àquele trabalho. Para
os indianos a medicina continua a ser aquilo que sempre foi: um misto de
ciência, magia e religião.”
Abobadário Completo, ::Aqui::
Nenhum comentário:
Postar um comentário