Luis Pellegrini / Revista Oásis
"Meu marido tem um ego do tamanho de
um bonde. Claro, com a mãe histérica que ele teve, só poderia mesmo se tornar
um edipiano obsessivo. O tempo todo ele manifesta traços esquizoides. Mas não
vou ficar paranoica, não vou frustrar minhas pulsões naturais nem meus desejos
e impulsos por causa dele. Não vou projetar no mundo minhas carências nem minha
falta de um marido verdadeiro. Não vou deixar que essa relação bloqueie minha
libido, nem que me transforme numa neurótica reprimida, dessas que somatizam as
agressões de que são vítimas. Ele pode ter pulsões sádicas, mas eu não sou uma
masoquista. Minha resiliência impedirá que eu desenvolva um sentimento de
rejeição por causa desse verdadeiro ato falho que é meu casamento".
Você entendeu tudo o que essa lamentosa
esposa quis exprimir no texto acima? Parabéns! Você fala psicologuês. O texto
contém nada menos de 27 expressões correntes dessa nova língua inventada ao
longo do século 20 pelos psicólogos.
Sem nos darmos conta, o psicologuês invadiu
nossas casas, nosso ambiente de trabalho, nossas escolas, nossa vida social e
passou a fazer parte do quotidiano das pessoas. Como tudo que cai na boca do
povo, esse imenso vocabulário especializado, ao se popularizar, adquiriu infinitos
matizes e significados.
No Brasil e no resto do mundo, o fenômeno
não cessa de se ampliar. Nem poderia ser diferente, já que entre nós a
psicologia se tornou uma das profissões mais importantes e procuradas, e as
diversas psicoterapias se transformaram em artigos de consumo de massa.
Não temos, no Brasil, dados precisos a
respeito de quantos profissionais atuantes da psicologia existem, nem de
quantos brasileiros recorrem ou já recorreram a seus serviços. Mas os números
em nosso país devem ser proporcionais aos da França. Na França, onde
estatística é coisa séria, as informações são claras. Em 1945, haviam apenas 11
psicanalistas naquele país. Em compensação, o último censo, de 2003, mostra que
hoje um pequeno exército de 5 mil psicanalistas, 13 mil psiquiatras, 1.200
pedopsiquiatras, 15 mil psicoterapeutas e 40 mil psicólogos está à disposição
para cuidar da alma de uma população francesa de cerca 70 milhões de pessoas.”
Abobadário Completa, ::Aqui::
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