"Agora posso falar sobre drogas"

Longe do vício e sem medo de recaídas, a atriz abre o jogo sobre a sua experiência com cocaína e diz que hoje os antidepressivos viraram moda

Eliane Lobato, ISTOÉ

A atriz Fernanda Torres está fazendo a sua estreia como autora de teatro com a peça "Deus É Química", em cartaz no Rio de Janeiro. Tratase de uma corajosa abordagem sobre o uso de drogas e de antidepressivos que termina fornecendo o número de telefone dos Narcóticos Anônimos. Aos 43 anos, Fernandinha - como é conhecida a filha dos atores Fernanda Montenegro e Fernando Torres - encara no espetáculo um tema que conhece bem. Nessa entrevista à ISTOÉ, ela conta que usou drogas durante anos - em especial, a cocaína, que considera "o pior demônio". A peça é uma comédia bem diferente do filme "Os Normais 2", grande sucesso de público e no qual ela forma um casal com Luiz Fernando Guimarães, também seu parceiro no palco. Mãe de dois filhos pequenos, Joaquim e Antonio, e casada há 13 anos com o diretor Andrucha Waddington, Fernandinha considera os remédios para regular humor uma espécie de droga contemporânea. "É a geração Rivotril", diz, referindo-se a um tranquilizante. Ela foi casada com o jornalista Pedro Bial durante dois anos e com o diretor teatral Gerald Thomas, por quatro. Hoje se considera "um exemplo". Além de falar de drogas, traição e política, faz uma bonita declaração de amor à mãe: "Ser filha da Fernanda é uma bênção."

ISTOÉ - Por que fazer uma peça sobre drogas?
Fernanda Torres - Eu tinha essa cena na cabeça, um casal de cariocas esperando o vapor (entregador de drogas), enquanto polícia e traficantes se enfrentavam a tiros do lado de fora da casa: um paradoxo da classe média liberal. Falar de drogas é um projeto antigo, de anos.

ISTOÉ - A sra. já usou drogas? Quais?
Fernanda - Comecei com maconha e fui até o pó.

ISTOÉ - Ainda usa?
Fernanda - Parei. Faz um bom tempo. Outro dia comentei isso: só posso fazer essa peça agora porque "vi Jesus" (risos). Sabia que faria essa peça apenas quando não tivesse mais culpa no cartório. Hoje eu posso.

ISTOÉ - Quando parou e o que a fez parar?
Fernanda - Tudo, sei lá. Acho que o que me bateu mais foi a saúde. A sensação que eu tenho é que a gente vai ficando mais velha e se vendo mais mortal. Mas, quando se é novo, queremos experimentar morrer. Quando eu olho para trás, penso: nossa, eu corri tantos riscos de morte na minha juventude. Não me arrisco mais assim. Depois que a gente se torna mãe, então, não quer se arriscar nem na ponte aérea.”
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